terça-feira, 19 de julho de 2011

Os animais da floresta

Os animais da floresta
Os bichos da mata são nossos amigos e também a nossa sobrevivência, o que nos dá força para o trabalho. Tem bicho de todas as cores: amarelo, vermelho, azul, verde, etc. Tem bichos que avisam como o cujubim, que canta às 5 horas da manhã, batendo sua asa, chamando o sol para nascer.
Os bichos da mata, nós contamos assim: os bichos de pena, ou os que voam, os da terra ou os debaixo da mata, os bichos de debaixo da terra, os bichos d’água.
Entre os bichos da terra ou debaixo da mata estão a anta, veado, porquinho, cutia, cutiara, tatu, paca, paca de rabo, cobras, jabuti, sapo e os bichos de cima da mata estão o macaco prego, macaco preto, macaco soque, macaco suim, macaco de cheiro, mambira, capelão, quati, cairara, quatipuru, quatipuru roxo, irara e muitos outros. Esses bichos costumam plantar muitas frutas da floresta com a ajuda daqueles que vivem embaixo.
Quando a fruta está madura, os macacos começam a comer a carne da fruta e soltam os caroços de lá de cima. Quando os caroços caem, os animais que vivem embaixo como o nambu galinha, nambu azul, nambu preto, engolem os caroços das frutas, enchem o papo e saem caminhando para bem longe. Depois de 10 minutos de caminhada, começam a cagar os caroços das frutas. Isso acontece porque não tem resistência na moela para moer o caroço, que sai inteiro.
Os bichos que voam são: japinim, pavão, pato bravo, pica pau, gavião, aracura, mergulhão, mutum, cujubim, periquito, periquito cabeção, nambu, urubu, juriti, cigana, coró-coró, bacural, coruja, mãe da lua, caboré...
Já os bichos d’água são: bodó tronqueira, bodó preto, mandim, curimatã, piau, piaba, sardinha, cará, arraia, jacaré, puraqué, jundiá, surubim, peixe linha, braço de moça, traíra...
Hoje em dia, a gente vê o homem derrubando a mata para a criação de gado. A mata vai ficando sem bichos. Já tem muitos animais em extinção como: onça, gato do mato, paca de rabo, jabuti, mutum, queixada, preguiça, quandú. Já são muitos. A gente não imagina a vida sem a mata, a mata sem os bichos. Deve ser triste demais. Sem a mata não haverá nem os animais, nem o vento, nem o homem, nem nada.
Para nós a floresta é vida.
José Mateus Itsairu Kaxinawá
(adaptado de Geografia Indígena. CPI/AC,1992)

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